quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Técnica de aproveitamento de resíduos da criação de peixes na cultura de hortaliças


Recursos compartilhados

Nova técnica aproveita resíduos da criação de peixes na cultura de hortaliças, ajudando a promover o desenvolvimento sustentável de Paraty.
Por: Ana Carolina Correira
Publicado em 24/01/2012 | Atualizado em 24/01/2012
Recursos compartilhados
Projeto desenvolvido em Paraty promove a produção conjunta de peixes e hortaliças. A iniciativa pretende criar oportunidades para a comunidade do litoral fluminense. (foto: Ninui)
Em tempos em que reduzir e reciclar são atitudes necessárias, uma técnica sustentável de produção vem mobilizando os moradores de Paraty, cidade litorânea do Rio de Janeiro, em prol do desenvolvimento da cidade e da preservação do meio ambiente.
A técnica em questão chama-se aquaponia, uma forma de produção que alia a piscicultura à hidroponia – cultivo de plantas na água. Nesse processo, parte do líquido do tanque dos peixes que seria descartada é reciclada e direcionada para a plantação, reduzindo o desperdício e a possibilidade de contaminação dos rios da região.
A produção, a cargo da empresa Ninui  desde 2011, conta atualmente com mais de 4 mil tilápias e 3,8 mil pés de hortaliças, entre as quais alface, rúcula e agrião. A atividade tem gerado emprego e renda para a população local, formada em grande parte por quilombolas, caiçaras e indígenas. 

Produção sustentável 

A água utilizada na criação dos peixes vem de cursos d´água próximos do local de cultivo. “O tanque em que criamos as tilápias tem 80 mil litros de água e precisamos trocar cerca de 20 mil litros por dia; o cultivo das hortaliças permite a reciclagem de grande parte dela”, explica Roberto Andrade, jornalista e diretor executivo da Ninui.
Segundo Cristiane Zanella, engenheira de aquicultura e responsável técnica pelo projeto, a água que sai do reservatório apresenta amônia, o que a torna tóxica. Para resolver esse problema, o aquário possui um biofiltro que remove as impurezas da água e transforma a amônia em nitrato, componente benéfico para as plantas. 
Tanque de tilápias
O tanque com mais de 4 mil tilápias abriga também um biofiltro, que limpa a água utilizada pelos peixes, rica em compostos orgânicos, e a direciona para o cultivo das hortaliças. (foto: Ninui)
O líquido rico em compostos orgânicos, como cálcio, potássio e magnésio, oriundos da ração e dos excrementos dos animais, é reutilizado nas estufas, reduzindo a quase zero a necessidade de adição de outros nutrientes no cultivo. “O ferro é o único nutriente que ainda precisamos adicionar, mas estamos trabalhando em compostos que suprirão essa falta”, completa a engenheira.
Dos 20 litros de água usados na cultura das hortaliças, cerca de cinco mil passa por um processo de decantação e filtragem natural, a base de plantas como gigogas e flores de lótus, e é devolvida ao rio. “A avaliação da qualidade dessa água é feita de forma rigorosa, seis vezes por dia”, enfatiza Andrade.
Toda a produção é direcionada para a região, sendo comercializada em supermercados da redondeza
O próximo passo na busca pela diminuição dos resíduos da atividade é transformar as aparas dos peixes (espinha e cabeça) em bolinhos, salsichas e linguiças; as vísceras, em adubo e ração; e o couro do animal, em matéria-prima para o trabalho de um grupo de artesãs de São Gonçalo, município próximo à Niterói. Essas etapas devem começar a ser viabilizadas em 2012.
A iniciativa foca o mercado e a mão de obra locais, diminuindo o impacto causado pelo deslocamento tanto dos alimentos quanto dos trabalhadores. Toda a produção é direcionada exclusivamente para a região, sendo, tanto o filé do peixe quanto as hortaliças, comercializada em supermercados da redondeza.
A Ninui procura agora replicar o projeto por meio de convênios com escolas de Paraty. A ideia é ensinar a técnica aos moradores, aumentando a oferta de trabalho e impulsionando a economia da região.

Ana Carolina CorreiaCiência Hoje On-line

http://cienciahoje.uol.com.br/noticias/2012/01/recursos-compartilhados

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