quinta-feira, 29 de março de 2012

Lodo será usado para recuperar a caatinga



Objetivo da pesquisa é devolver riqueza natural às áreas degradadas do bioma e evitar a desertificação. Imagem: Halvio Polito/DivulgaçãoObjetivo da pesquisa é devolver riqueza natural às áreas degradadas do bioma e evitar a desertificação. Imagem: Halvio Polito/DivulgaçãoO lodo da Barragem de Itaparica e de tanques de piscicultura em Itacuruba, na região do Submédio do São Francisco, deve ser empregado para recuperar solos degradados do Sertão. As primeiras amostras do material foram coletadas por pesquisadores do projeto Innovate, que reuniu ontem, no Recife, estudiosos do Brasil e da Alemanha. O investimento é financiado pelos dois países.
A perspectiva é de que os primeiros experimentos no Sertão sejam feitos até junho deste ano. “O lodo dos tanques de piscicultura é rico em fósforo e tem potencial de recuperar o solo”, explicou a professora do curso de gestão ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Ifpe), Marília Lyra, uma das responsáveis por essa linha de pesquisa.

A preocupação do Innovate com o solo vai além do reuso do lodo. Ao mesmo tempo em que farão as experiências com sedimentos da barragem e dos tanques de peixes, os pesquisadores também vão analisar aspectos como a erosão, a salinização do solo e o emprego de agrotóxicos. Isso vale para atividades econômicas já existentes na região, como a produção irrigada, e as que estejam previstas.

“Os estudos devem considerar a questão das mudanças climáticas no semiárido”, esclareceu a coordenadora brasileira do Innovate, Maria do Carmo Sobral. Ela é professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), uma das 21 instituições participantes do Innovate. Dentro da preocupação com alterações do clima, o projeto fará estudos voltados ao uso da água e à conservação da caatinga.

A princípio, a parceria entre o Brasil e a Alemanha deve durar três anos, período que pode ser ampliado para cinco. Mais de 50 profissionais atuarão na iniciativa. Os trabalhos vão contar com 19 doutorandos alemães e 20 brasileiros de diversas áreas como biodiversidade, recursos hidrícos, manejo de solo e planejamento estratégico. A iniciativa tem o apoio dos ministérios de Ciência e Tecnologia do Brasil e de Educação Superior e Pesquisa da Alemanha. O investimento total na pesquisa é superior a R$ 10 milhões.

Alemães e brasileiros se reuniram ontem pela manhã e à tarde no campus tecnológico do Ministério de Ciência e Tecnologia, na Cidade Universitária, no Recife. De hoje a quinta-feira, o grupo vai conhecer o lago de Xingó e o entorno da barragem. O programa prevê visitas a projetos de irrigação, de transposição do Rio São Francisco e de preservação do bioma caatinga.

 


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